Não podemos subestimar o tamanho das consequências geradas por erros
como o Santa Música. Devemos ficar alertadas porque se trata de uma
política de estado no Rio de Janeiro. Não se trata de querer o bairro
“fechado” para os moradores, se trata da qualidade de nossas vidas
(qualidade que sempre partilhamos). Este processo começou com César
Maia e continua: promoção de todo tipo de eventos de massa ou
menores. Querem espetaculizar nosso cotidiano, querem tornar Santa
Teresa um bairro entretenimento. Tudo em nome da turistificação da
cidade. Assim, não exitam em nos vender, por isso deram uma grana
preta para a empresa organizadora do evento.
Tanto não se trata de uma reação egoística da parte dos moradores de
Santa Teresa, que várias outras associações de moradores estão
reagindo: Flamengo, Botafogo, Copacabana, Ipanema, Leblon… Há poucas
semanas atrás quase conseguiram vetar a venda da Dias Ferreira ao
Leblon Jaz Festival. Não se pode esquecer que Santa Teresa já dá uma
contribuição generosa e desproporcional ao calendário de eventos do
Rio de Janeiro: Carnaval e Portas Abertas. Basta, não?
Ocorre, que eventos de massa estão se tornando cada vez mais
frequentes e criando uma imagem equivocada de nosso modo de vida. Tais
eventos estão atraindo para o bairro, cada vez mais, verdadeiras
hordas, milhares de visitantes (categoria distinta de turista) que
sobem e provocam degradações e perturbações: pit boys, gente que vem
só para “zoar”, para consumir o mínimo, comprar latões de camelôs,
urinar nas nossas portas, berrarem bêbados sob nossas janelas, gerarem
poluição sonora, gerarem grande quantidade de lixo (a Comlurb daqui
prevê afluxo de 30-50 mil pessoas dia 19), etc Nenhum turista virá a
mais à Santa Teresa por conta de Santa Muvucas. Fomenta-se, assim, um
clima que desvalorizará nossos imóveis ao gerar vários transtornos aos
moradores. Corre-se o risco de se desestimular os moradores a
continuar investindo em seus imóveis. Não esqueçamos que somos nós os
moradores os maiores investidores de Santa Teresa. Portanto, se não
como cidadãos, como investidores, merecemos respeito (alias, ninguém
nos consultou sobre a conveniência desse evento ele está sendo
imposto)
A verdadeira vocação do bairro é residencial e de hospedagem (casa de
repouso e saúde, Bed and Breakfasts, pequenas pousadas, etc – que
são, aliás, tecnicamente enquadradas como “residencial provisório”).
Então, associar Santa Teresa a climas como este é prestar um
desserviço ao bairro e à cidade.
Querer transformar Santa Teresa numa gigantesca Joaquim Silva ou numa
Nova Lapa é um desserviço ao bairro e ao Rio de Janeiro. Inteligente
seria fazer um Festival como esse lá no Centro num final-de-semana
(esta sim, região adequada para tal). Inteligente é o turista ir à
praia, almoçar na ZS, vir para cá descansar,depois curtir a noite na
Lapa, ZS, etc e voltar para cá e poder usufruir do clima de bucolismo
que contrasta com o da parte baixa do Rio de Janeiro. São Sebastião
do Rio de janeiro empobrecerá ganhando uma Nova Lapa e perdendo um
bairro com as características como mo nosso
Bucolismo …Não foi esta a imagem, o clima, que nos projetou? Ou
teria sido barulho, multidões e frenesi?
A.B. (Morador)