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AMAST

Plenária sobre segurança marca reação dos moradores à situação crítica enfrentada pelo bairro

Sob as bênçãos do Reverendo Caetano, mais uma vez a Igreja Anglicana de Santa Teresa abriu suas portas para receber os moradores de diversas regiões e comunidades de Santa Teresa em plenária convocada pela AMAST, com o objetivo de discutir o aumento da insegurança em nosso bairro. A divulgação intensa do ato, bem como as iniciativas de espalhar faixas e cartazes marcando os locais com maior índice de assaltos foram fundamentais para assegurar a presença dos titulares da Subprefeitura do Centro e Centro Histórico, da 23ª. Região Administrativa, da 7ª Delegacia da Polícia Civil, do 5º. Batalhão da Polícia Militar e de representantes da Guarda Municipal e da Secretaria de Ordem Pública – SEOP.

Na primeira rodada, a palavra foi dada aos moradores inscritos, que apresentaram relatos de assaltos e outras situações de violência sofridas , registrando críticas, esclarecendo dúvidas e encaminhando propostas de ação. Foi destacado como um dos fatores de insegurança a ausência do poder público estadual e municipal, que não se resume à questão do policiamento. Para além da PM, a falta de outros agentes públicos atuando nos serviços de conservação, iluminação, ordem pública, organização do trânsito e fiscalização de atividades irregulares foi um problema destacado por vários moradores em suas falas. Foram abordadas também as dificuldades no atendimento da 7ª DP para registro de ocorrências e para ações de inteligência e prevenção, além da ineficiência absoluta do serviço 1746 da prefeitura do Rio. Outro ponto extremamente criticado foi a falta de diálogo e de ações integradas entre os órgãos envolvidos.

Os representantes da Sub Prefeitura e da Região Administrativa reconheceram problemas, frisaram que acabaram de assumir as funções e se propuseram a estabelecer uma relação de maior proximidade para com o bairro, convidando os moradores a buscarem pessoalmente apoio do Administrador Regional (no Largo do Guimarães) em suas demandas, bem como se disponibilizando para tratar coletivamente as questões mais amplas, como já vêm fazendo através da AMAST em diversos assuntos.

O representante da PM lamentou a ausência do Comandante da UPP, explicando que o modelo de separação entre UPP e Batalhões acarreta limitações nas ações da polícia e dificulta a realização de ações integradas, justamente em uma área onde as ocorrências estão diretamente ligadas a um contexto que envolve áreas urbanizadas de Santa Teresa tanto quanto as comunidades do entorno.

Outra questão de grande relevância que também foi abordada diz respeito aos métodos de atuação e prioridades do batalhão que atende ao nosso bairro. O policiamento ostensivo e repressivo segue a política de segurança pública do Estado e de seus burocratas, que trabalham baseados principalmente em índices e estatísticas, ignorando as particularidades e diferenças enormes entre cada um dos 9 bairros atendidos pelo 5º BPM. Como o bairro de Santa Teresa, proporcionalmente, representa uma pequena parte das ocorrências da área de atuação deste batalhão, a tendência recorrente é o deslocamento dos recursos já limitados (viaturas e policiais) para atender prioridades de outros bairros do centro.

O Administrador Regional informou que está buscando maior convergência entre os diversos órgãos municipais e até com instâncias estaduais na tentativa de aumentar a proximidade com o morador e a qualidade dos serviços prestados, já tendo inclusive estabelecido contatos com a Guarda Municipal para viabilizar ações nas próximas semanas – moradores reforçaram as péssimas experiências anteriores com a GM no que se refere a reboque de carros de moradores recebendo a promessa de que isso não ocorreria. No quesito segurança, comunicou que está recompondo a iluminação do bairro até o Silvestre e promovendo a recuperação de áreas degradadas.

O Delegado da 7ª DP propôs a criação de um fórum permanente de segurança pública de Santa Teresa

O Delegado da 7ª DP propôs a criação de um fórum permanente de segurança pública de Santa Teresa, a fim de preencher uma lacuna deixada pelo afastamento da participação de representantes do bairro no Conselho Comunitário de Segurança – CCS. Naquela instância, legitimava-se a política de estado para segurança sem retorno em resultados práticos para Santa Teresa. O novo delegado, que assumiu a 7ª DP no final do mês de Dezembro, enumerou as dificuldades e limitações de sua equipe, diante da crise do Estado, que afeta até mesmo o serviço de limpeza da delegacia, papel e cartuchos de impressora e combustível para viaturas, mas mostrou-se determinado a buscar soluções criativas junto com a comunidade, para resgatar a confiança, a proximidade e o respeito dos moradores pelo serviço prestado. Reforçou a oportunidade de surgirem ideias e possibilidades de mudança que não sejam imposições da burocracia do Estado, mas sim propostas gestadas em parceria com a comunidade, que é a destinatária final do serviço de segurança pública.

A Diretoria da AMAST avalia que a plenária marca uma nova fase na luta pelo restabelecimento da tranquilidade em nosso bairro, e conclama os moradores a se envolverem na implementação do Fórum Permanente de Segurança Pública de Santa Teresa, mobilizando-se, ocupando os espaços públicos do bairro com rodas de bate papo entre vizinhos, aproximando-se das lutas da AMAST e trazendo ao âmbito da associação suas proprias ideias e lutas para serem implementadas coletivamente. É importante desenvolvermos juntos a capacidade de transformar nossa associação cada vez mais em uma referência de parceria com vizinhos e com a própria instituição, ao invés de se limitar a enxergá-la como ouvidoria. O efeito multiplicador da luta coletiva é, sem dúvida, muito maior.

Se o bairro é nosso, a luta é nossa!