Tenho dois filhos, com cinco anos de diferença entre eles. Outro dia fui com a minha filha pegar um livro. Passeando entre as prateleiras, dei de cara com “fábulas Italianas” de Ítalo Calvino.
– Vamos pegar esse livro – disse a ela, lhe mostrando a capa.
– Esse não tem figuras – ela me respondeu, fazendo uma carinha de desagrado.
– Mas é maravilhoso! Você vai ver!
Quando fui preencher a ficha de empréstimo, vi nela minha assinatura, cinco anos atrás, e disse.
– Olha filha, eu peguei esse livro para o seu irmão quando ele tinha a sua idade, e ele adorou.
De noite, contei uma fábula italiana para minha filha, e contei outras nas noites seguintes. Quando acabou, voltamos na biblioteca, devolvemos o livro e fomos escolher outro, e ela me disse:
– Ah, mãe, vamos pegar outras fábulas italianas.
– Mas você não quer um livro com gravuras dessa vez?
– Não. Sem gravuras eu posso usar a imaginação.
Essa foi uma das minhas histórias vividas na biblioteca, foi com um livro de lá que minha filha aprendeu a abrir sua mente para a imaginação, como meu filho já havia aprendido um dia, com o mesmo livro, que fica lá na prateleira da biblioteca, disponível, contendo todo um mundo dentro de suas páginas, esperando que mais alguém compartilhe da maravilhosa experiência de ser leitor. Paloma Medina