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Bonde

O amor quer obras!

Leitura que abriu o ato interreligioso realizado hoje, 11/09/2011 , por Cristina da Costa Pereira.

O bonde de Santa Teresa sempre inspirou poemas, crônicas, canções, versos líricos e de alegria. O bonde de Santa Teresa, além de ser o transporte ideal para os moradores e visitantes do bairro, sempre nos encantou com a sua sonoridade, seu ritmo, sua poesia. Sua história (115 anos). O bonde lúdico, quase um transporte alado. O bonde, por ser aberto, a nos revelar a geografia onírica do bairro.

Vê-lo assim, esmagado, parecendo de papel, tão frágil, tão vulnerável, leva-nos a outras palavras, a outros pensamentos, a outras emoções. Agora, um bonde trágico.

Uma tarde triste aquela de 27 de agosto de 2011. Uma tarde de estatísticas: “seis mortos, mais de cinquenta feridos”. Lágrimas, revolta e dor dos parentes e amigos dos mortos e feridos. Coração apertado para os que amam o bairro de Santa Teresa e seu centenário bondinho. Sofrimento para os que amam o próximo como a si mesmos.

Dedos em riste apontam culpados. Esses, apontam outros culpados. Uma troca de acusações. Máscaras de hipocrisia soltam labaredas. Arrogância dos homens. Leviandade dos homens. Descaso dos homens. Jazem, no entanto, os mortos e o bonde. Sofrem, nos hospitais, os feridos. Cenas que mais parecem o inferno, um lugar onde não há amor.

“O mundo está em chamas, e sou uma pobrezinha impotente” disse em lágrimas Teresa de Ávila, falando das crueldades e dos horrores do seu tempo. Mas, em seguida, reagiu: “Se não nos decidirmos a engolir a doença e a morte, nunca faremos nada (…). Imaginai a pessoa mais cheia de amor por uma outra, de tal modo que lhe seja impossível viver um momento sem ela; pois isso nem se aproxima do amor que sinto por Nosso Senhor. Amor que faz com que não possa estar um momento sem Ele, consolando-me de tudo com Ele, cuidando constantemente com Ele ou d”Ele.”