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Bonde

Novo, mas menos eficiente

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Teste mostra que bondinhos mais modernos de Santa Teresa enguiçam mais que antigos

POR MAHOMED SAIGG, RIO DE JANEIRO

Rio – Os novos bondes de Santa Teresa estão fora dos trilhos. Mais sofisticados que os antigos bondinhos, eles quebram quatro vezes mais que as antigas composições. Um dia depois do acidente que provocou a morte de uma mulher e deixou oito passageiros feridos, equipe de O DIA embarcou nos dois bondes e refez o percurso entre a Rua Paula Matos e a estação da Carioca, no Centro. Enquanto a viagem no ‘velho’ bonde foi interrompida três vezes por falhas no sistema, o trajeto na nova composição — idêntica à do acidente — parou 12 vezes.

Falha no sistema elétrico provocou interrupção de serviço em um dos bondes novos ontem à tarde. Foto Carlos Moraes/Ag. O Dia

Além dos riscos de novas tragédias, os problemas provocam atrasos no percurso. A viagem, que no bonde antigo demorou cerca de 40 minutos, não é feita em menos de uma hora nos novos. Ontem, após encontro com o prefeito Eduardo Paes, o governador Sérgio Cabral anunciou que o serviço será repassado à prefeitura.

Preocupados com os riscos de outros acidentes, maquinistas reforçam as críticas às novas composições. “No sistema velho tinha um freio manual que nos permitia parar de repente. Hoje, a cada marcha que passamos aumenta a velocidade. Para pará-lo, precisamos reduzi-las até que o computador entenda que queremos parar. É como ter que baixar da 5ª marcha (dependendo da velocidade) até a 1ª, o que torna o sistema (de frenagem) mais lento”, explicou um maquinista. “Antes tínhamos os bondes nas mãos. Agora nós é que estamos nas mãos dos bondes”, resumiu outro condutor, que também não quis se identificar. Cabral determinou auditoria externa para avaliar o novo sistema de frenagem.

Questionado sobre a eficiência dos novos bondes, o secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, admitiu que as falhas são provocadas pela “precariedade” do sistema: “A rede (elétrica) atual tem tantos problemas que não está preparada para receber os novos bondes”. Em nota, a T’Trans, responsável pelas mudanças, descartou a possibilidade de falhas no sistema.

Dois turistas húngaros que se machucaram no acidente relembraram os momentos de terror. “Não tivemos tempo de nos proteger. Só fico pensando na jovem que morreu”, desabafou Andres Villuth, 46. “Poderia ter sido um de nós”, completou Tibor Bodor, 43.

O delegado Fernando Veloso, da 7ª DP (Santa Teresa), investiga se a vítima pulou ou caiu do bonde. Ontem, o corpo de Andréia de Jesus Resende, 29, foi enterrado em Paraty. A passageira italiana Graziela Dedini está internada no Hospital Souza Aguiar. Peritos examinaram o bonde do acidente ontem, mas o laudo só sai em 15 dias.

(O Dia)